domingo, 22 de abril de 2012

Rede Ferroviária Nacional, Viseu - Antes e Depois


Permanece o sulco como uma cicatriz aberta na paisagem, mas já não há qualquer outro vestígio das antigas linhas ferroviárias que serviam Viseu. Eram as linhas do Vouga e do Dão. Após a inauguração da Linha da Beira Alta, em 1882, logo se avançou para o projeto de ligação da cidade de Viseu àquele importante eixo ferroviário. A Linha do Dão vai ser inaugurada no dia 25 de novembro de 1890 e encerrada a 28 de setembro de 1988. A Linha do Vouga, que ligava Espinho a Viseu, ficou concluída em 1913 e foi encerrada em 1972, com a mesma justificação do fecho da Linha do Dão: as locomotivas a vapor estavam na origem de fogos florestais. Em 1994 foi demolida a estação de Viseu, para dar lugar a uma rotunda.

in BELO, Duarte - Portugal Luz e Sombra, O País depois de Orlando Ribeiro,
Temas e Debates/Círculo de Leitores, Lisboa, 2012.

sábado, 21 de abril de 2012

Portugal no contexto da tectónica de placas





Portugal Continental, no contexto da tectónica de placas, situa-se na placa Euroasiática, limitada a
sul pela falha activa Açores-Gibraltar (a qual corresponde à fronteira entre as placas Euroasiática e Africana) e, a oeste, pela falha dorsal do oceano Atlântico (D.M.A). O movimento das placa caracteriza-se pelo deslocamento para norte da placa Africana e pelo movimento divergente na dorsal atlântica.


A falha Açores-Gibraltar pode ser subdividida em três troços distintos, com dimensão e características tectónicas diferentes:

1- o troço mais oriental, designado Banco de Gorringe (B.C), onde se localizou o epicentro do terramoto de 1755;

2 - o troço central, designado Falha Glória (F.G.), que tem sido, ao longo dos tempos, responsável por alguns dos sismos sentidos na ilha de Santa Maria, nos Açores; foram determinadas, nesta zona,
velocidades de deslocamento relativo entre as placas Euroasiática e Africana, da ordem dos 3,39 cm/ano;

3 - por fim, o troço mais ocidental da falha Açores-Gibraltar, que se designa Rifte da Terceira (R.T.) e que se desenvolve desde a ilha de Santa Maria até à dorsal médio-atlântica (D.M.A.), apresen-
tando velocidades de deslocamento entre as placas da ordem dos 0,76 cm/ano.

DIAS, A. Guerner et al - Geologia 10, Areal Editores, 2003

A Junção Tripla dos Açores



As ilhas vulcânicas do arquipélago açoriano situam-se num enquadramento tectónico muito
particular - a Junção Tripla dos Açores. Isto é, os Açores localizam-se numa zona de contacto de três placas tectónicas - as placas Norte-Americana, Euroasiática e Africana.
 
A Dorsal Médio-Atlântica (DMA) é cortada por diversas falhas activas, de entre as quais destacamos as seguintes:
- zona de fractura norte dos Açores (ZFNA);
- transformante de S. Jorge (TSJ), com expressão subaérea na ilha;
- zona de fractura Faial-Pico (ZFFP);
- zona de fractura do Banco Açor (ZFBA);
- zona de fractura do Banco Princesa Alice (ZFBPA).
.
O actual padrão de sismicidade dos Açores revela que os epicentros se concentram, maioritariamente, ao longo, ou nas proximidades, do alinhamento do Rifte da Terceira (RT); porém, os sismos mais energéticos referenciam-se à zona de fractura Faial-Pico (ZFFP).


DIAS, A. Guerner Dias et al - Geologia 10, Areal Editores, Porto, 2003

Açores - Geologia da Ilha de S. Miguel







A geologia da ilha de São Miguel é marcada por três aparelhos vulcânicos: Fogo, Sete Cidades e Furnas. As rochas mais antigas, com 4,1 M. a., localizam-se no extremo nordeste, com vestígios de um vulcão inactivo altamente erodido na localidade de Povoação.

S. Miguel iniciou a sua formação há 4,1 M. a. e foi sendo sucessivamente aumentada pelo material expelido em novas erupções.


A actividade vulcânica mais recente encontra-se na parte Este da ilha (Sete Cidades e Picos). Neste sector existem depósitos de piroclastos basálticos. A caldeira das Sete Cidades ter-se-á formado há aproximadamente 16 000 anos, com 17 erupções nos últimos 5000 anos. No interior da cratera, e devido à presença de água, as erupções foram explosivas, enquanto que nas vertentes exteriores apresentaram estilo havaiano-estromboliano.

O vulcão do Fogo, na parte central, apresenta uma caldeira com 3,25 km de diâmetro, com um lago no seu centro. Nos flancos do vulcão existem extensos depósitos de piroclastos. As rochas mais antigas desta região possuem uma idade absoluta de 280 000±140 000 anos, tendo-se formado em ambiente submarino. Após duas erupções importantes verificou-se o abatimento da estrutura e a formação de uma caldeira há 46 500 e 26 500 anos. Nos últimos 40 000 anos a actividade tornou- -se mais explosiva ocorrendo dentro da caldeira. Nos últimos 15 000 anos há o registo de 20 erupções, com dois registos históricos (1953 e 1954), sempre de carácter explosivo ao nível da cratera. Em 1563, uma erupção explosiva (subpliniana), com emissão de lava, soterrou parte da povoação de Ribeira Seca.
O vulcão das Furnas encontra-se perto da região nordeste e a sua caldeira (5 km de diâmetro) ter-se-á formado há 12 000-10 000 anos. É o vulcão mais recente e estudado no contexto dos Açores, tendo ocorrido alguns episódios vulcânicos curtos nos últimos 5000 anos (dois históricos), de carácter explosivo (pliniano a subpliniano). Em 1630, uma erupção com formação de escoadas piroclásticas terá morto 195 pessoas na ilha.
OLIVEIRA, Óscar et al - Desafios Geologia 10, vol 1, Edições ASA, Lisboa, 2009.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Energia geotérmica - Ilha S. Miguel, Açores

Central geotérmica do Pico Vermelho


Central geotérmica da Ribeira Grande


Para a produção de electricidade, a partir de vapor de água de origem geotérmica, têm sido insta-
ladas,
em diversos pontos do planeta, centrais geotérmicas. Estima-se que, actualmente, este tipo
de
centrais satisfaz as necessidades energéticas de cerca de 60 milhões de pessoas, em 21 países.

Em Portugal, está em curso a aplicação do Programa Geotérmico dos Açores, estando já iden-
tificadas cerca de doze áreas com potencial geotérmico para a produção de electricidade, distri-
buídas pelas ilhas do Faial, Pico, Graciosa, Terceira e S. Miguel, com uma capacidade de produ-
ção estimada em 235 MW/ano. As Centrais Geotérmicas da Ribeira Grande e do Pico Vermelho,
em S. Miguel, suprem 40% das necessidades eléctricas desta ilha, percentagem que tenderá a
aumentar.

DIAS, A. Guerner Dias et al - Geologia 10, Areal Editores, Porto, 2007

terça-feira, 17 de abril de 2012

Situação meteorológica - Precipitação - 17 de Abril de 2012

Carta Sinóptica - 17 de Abril - 7.30H

Imagem das massas de ar - 17 de Abril de 2012 - 8.00H


Pode observar-se na Carta Sinóptica a aproximação de um sistema frontal do território nacional. A frente quente já se encontra a influenciar o Norte da Península Ibérica: aumentando a nebulosiade e a levando à ocorrência da precipitação do tipo de Chuviscos.
Esta frente quente prevê-se que vá entrando em oclusão.

A frente fria associada ao sistema frontal manter-se-á activa e irá influenciar todo o teritório nacional nas próximas horas.
Com a sua passagem aumentarão os períodos de chuva e aguaceiros.
Com a entrada na massa de ar frio posterior haverá uma descida das temperaturas do ar.

É de notar também que as linhas isobáricas associadas ao centro de baixas pressões implicam uma grande diferença de gradiente barométrico, provocando a ocorrência de vento, por vezes com rajadas fortes.

GeoMentor, 17.Abril.2012







Céu geralmente muito nublado, apresentando-se em geral pouco nublado na região Sul até meio da tarde.

Períodos de chuva fraca a partir da manhã no Minho e Douro Litoral, estendendo-se gradualmente às restantes regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, passando a regime de aguaceiros para o final do dia, que serão de neve acima dos 1000 metros.


Vento fraco a moderado (10 a 30 km/h) de noroeste, soprando de oeste na região Norte, e soprando moderado a forte (30 a 50 km/h) nas terras altas.
Pequena subida da temperatura máxima na região Sul.






Tômbolo de Peniche

domingo, 15 de abril de 2012

O tômbolo de Peniche



Um tômbolo (do latim tumulus - túmulo) é um "acidente" geográfico da linha de costa no qual uma ilha é unida ao continente por uma estreita língua de areia (istmo) resultante da acumulação de sedimentos (areia, calhaus, terra).

Um istmo (do grego ισθμός) é uma porção de terra estreita cercada por água em dois lados e que liga duas extensões de terra.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Portagens: Revolta e críticas ao sistema de cobrança nas ex-SCUTS - Algarve




Promessas de não regressar mais a Portugal e críticas ao sistema de cobrança foram alguns dos lamentos dos turistas espanhóis na fronteira junto à Ponte Internacional de Guadiana, no Algarve, quando tentavam pagar as portagens da Via do Infante (A22).


Esta tarde, dezenas de turistas tinham os carros parados junto ao posto de venda que a Estradas de Portugal colocou no posto de fronteira de Castro Marim/Ayamonte. E, apesar de estar presente um funcionário da empresa, no âmbito de um reforço da presença nas zonas fronteiriças localizadas perto de antigas SCUT, as queixas sucediam-se.


"Isto é terrível. Não percebo porque não põe alguém a receber o dinheiro quando as pessoas passam. Este sistema não faz sentido", disse à Lusa Lola Redondo, espanhola residente em Sevilha e que estava a entrar em Portugal para passar umas férias de cinco dias em Lagos, referindo-se ao sistema de portagens eletrónicas introduzido na Via do Infante (A22), uma das antigas SCUT que começou a ser paga em Dezembro.


Outra razão de queixa prende-se com a obrigatoriedade de comprar um bilhete válido por três dias, uma vez que Lola Redonda irá passar cinco no Algarve e a validade iria caducar.


"Só podemos comprar bilhetes de três dias, mas são consecutivos. Nós vamos estar cinco em Lagos, como é que vamos fazer quando regressarmos", questionou a sevilhana de 60 anos, que estava acompanhada por mais quatro pessoas.


Lola Redondo lamentou ainda a falta de locais para compra de títulos para viajar nas antigas SCUT, porque "só podem ser comprados na fronteira e na área de serviço de Olhão, que fica a muitos quilómetros" de Lagos.


"Se comprar um de três dias vou perder o dinheiro e depois não há outro sítio onde possa comprar. Isto está a prejudicar o turismo. Conheço pessoas que vinham muitas vezes e deixaram de vir. E eu também vou fazer o mesmo", acrescentou.

(...)


Como é que nós pagamos? Eu vou a Faro, ao aeroporto, como é que faço?" - questionou Fernando Gonzalez, de Huelva, aos compatriotas, que pouco sabiam responder.

(...)


Carlos Castro, de Villablanca, também estava no dilema de adquirir um título de três dias que iria caducar antes do seu regresso de férias em Albufeira: “isto é incrível. Não se entende nada e assim não volto mais".



in Diarionlinealgarve (adaptado)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mapa hipsométrico - aula cartografia




de J. Parrulas Gomes
(10ºE - 2011/2012)

Incêndios florestais em Portugal e Espanha - "Incêndios de Inverno"




O solo seco e os ventos criaram condições perfeitas para mais de 150 fogos florestais no Nordeste de Espanha e em Portugal (pontos coloridos na imagem), situação anómala no mês de Março. Esta situação é mais habitual em Agosto, não em Março.

Situação meteorológica - evapotranspiração de referência

EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA, DIÁRIA (das 00-24UTC)
31 de Março de 2012
(Estimativas obtidas pelo modelo ALADIN e produtos radiação da LANDSAF)



Situação meteorológica - situação da seca meteorológica - 15 de Março de 2012





Situação Actual de Seca Meteorológica
Em 15 de Março de 2012, de acordo com o índice meteorológico de seca PDSI (Figura 2), a situação de seca mantém-se em todo o território do Continente nas duas classes de seca mais graves: severa e extrema. Em relação a 29 de Fevereiro 2012 é de salientar o agravamento da situação, com o aumento da área em seca extrema, estando agora 53% do território em seca extrema e 47% em seca severa.

domingo, 1 de abril de 2012

Erosão costeira


Portugal pode ter de deslocar populações devido à erosão costeira
01.04.2012
Jorge Talixa
  


A erosão costeira, traduzida em recuo médio anual da linha de costa, em Portugal.
Adaptado de Ferreira et al. (in press)

            

"Em alguns sítios não temos outra solução a médio prazo que não seja deslocar populações", admite o secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território, referindo-se ao crescente problema da erosão costeira em várias zonas do país e à progressiva elevação do nível do mar motivada pelas alterações climáticas.
Pedro Afonso de Paulo explica que Portugal não tem dinheiro para fazer paredes de betão semelhantes às que foram feitas na Holanda para funcionarem como diques e protegerem as populações da invasão da água do mar. Nesta altura, cerca de 30 por cento da costa portuguesa está sujeita a "muito forte erosão", acrescenta.

Por esta razão, o governante defende que será preciso tomar medidas para "proibir terminantemente a construção" em muitas áreas costeiras. "Dificilmente teremos meios e técnicas" que permitam suster este avanço das águas originado pelas alterações climáticas, justifica.

(...)

"Temos menos indústria e, com a crise económica, não só as empresas emitem menos como as pessoas utilizam menos os carros", salientou, vincando, todavia, que cerca de 80 por cento das nossas emissões de CO2, ao contrário do que se pensa, têm origem na energia consumida nas casas dos portugueses e nos carros em circulação e não estão relacionadas com as fábricas e com a actividade económica.

"Acreditamos numa indústria que pode estar presente e não ser muito poluente. Infelizmente não somos um país muito industrializado, não produzimos tanto quanto poderíamos produzir", lamentou. "As estimativas todas dizem que vamos cumprir as metas de Quioto, o que também é importante", acrescentou o governante.

Pedro Afonso de Paulo disse, ainda, que o Governo apresentará em Abril um plano para o uso eficiente da água e um roteiro do baixo carbono. Estão a decorrer os processos de revisão da Lei de Bases do Ordenamento do Território e do Solo e do regime da Reserva Ecológica Nacional. Mas, também em resposta a alguns dos participantes no colóquio, o governante considerou muito difícil e oneroso aprofundar as políticas de reutilização de águas tratadas, porque exigiriam redes próprias, separadas, para o transporte destas águas para os meios urbanos, o que implicaria investimentos nesta altura incomportáveis.

(...)

in PÚBLICO em 1 de Abril de 2012 (Adaptado)