terça-feira, 9 de julho de 2019

Temperatura da água do mar - 9.Julho.2019



2019-07-09 (IPMA) 
O afloramento costeiro (upwelling) é um fenómeno oceanográfico que consiste na subida de águas subsuperficiais para a camada de água à superfície no oceano, tendo como forçamento meteorológico o vento junto à superfície.
Nas regiões onde ocorre o afloramento costeiro, a temperatura da água do mar é mais baixa, visto que a sua origem está em camadas mais profundas do oceano, e o vento predomina de N ou NW.
Entre os dias 1 e 8 de Julho, a existência de uma depressão centrada a oeste da Península Ibérica condicionou o regime de vento junto à costa ocidental portuguesa, predominando o vento W ou SW não permitindo que o fenómeno de afloramento costeiro ocorresse.
Em consequência os valores da temperatura da água do mar à superfície, para esta época do ano são altos, e superiores aos respetivos valores normais em cerca de 2 °C.
Os valores da temperatura da água do mar à superfície na costa ocidental portuguesa, de acordo com o modelo de previsão oceânica NEMO (http://www.ipma.pt/pt/maritima/sst/) operacional no IPMA, são apresentados abaixo, na Tabela 1.
Os valores da temperatura da água do mar à superfície no mês de junho de 2019 foram da ordem de 18 °C, e superiores a 19 °C nos primeiros dias de julho, correspondendo a um aumento de mais de 1 °C.
Acresce ainda que o IPMA não dispõe de bóias para monitorização da temperatura da água do mar à superfície, sendo esta possível através de deteção remota. As observações de temperatura da água do mar em tempo quase real podem ser obtidas através da rede de boias multiparamétricas disponibilizadas pelo Instituto Hidrográfico.

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Situação de seca agravou-se em Março em Portugal




Confirmam-se as piores previsões: Portugal continental chegou ao final de Março numa situação de seca meteorológica. Na sequência dos baixos valores de precipitação, houve um aumento quer na classe severa, quer na extrema.

Em entrevista à agência Lusa, Vanda Pires, da Divisão de Clima e Alterações Climáticas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), adiantou que até 28 de Março aumentou a área em seca severa, situando-se nos 37,5%, quando em Fevereiro era 4,8%. “Em Fevereiro não existia seca extrema, mas em Março registou-se um valor de 0,5%. Já começa a aparecer seca extrema no Algarve, entre Faro e Vila Real de Santo António”, disse.

in JORNAL PÚBLICO






terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

A exploração de urânio “foi um erro em Portugal e será um erro em Espanha”












Em Portugal, o tratamento dos terrenos que serviram para explorar urânio a céu aberto tem-se arrastado. Este é apenas um dos argumentos que António Minhoto, antigo mineiro e dirigente da Associação de Zonas Uraníferas (AZU), utiliza para contestar a exploração mineira do outro lado da fronteira.Mas há mais: a viabilidade económica dissipa-se quando se tem em conta o custo de intervenção nos terrenos depois de encerrada a mina, defende. “Depois fica uma situação por resolver em termos ambientais”, com “impacto nos recursos naturais e nas pessoas”, explica ao PÚBLICO. 
Por isso foi a Retortillo, para dizer que a exploração de urânio “foi um erro em Portugal e será um erro em Espanha”. Desde 2001 que a Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM) ficou com a tarefa de realizar a intervenção ambiental nas antigas explorações mineiras portuguesas. 
Até 2017 tinham sido tratadas 56% das minas e gastos 49 milhões de euros nesse processo. Faltavam ainda 20 das 61 minas que representam risco ambiental, num calendário que prevê trabalhos até 2022, referia a EDM ao PÚBLICO em Fevereiro do ano passado.Já depois disso, a empresa estatal apresentou o projecto de recuperação das minas do Mondego Sul, no concelho de Tábua (Coimbra). 
Os terrenos de onde se extraiu urânio entre 1987 e 1991 ficam perto da aldeia de Ázere, em plena faixa de protecção da barragem da Aguieira, e eram apontados por António Minhoto como uma das zonas críticas. A EDM previa que os trabalhos que envolviam a eliminação dos “factores de risco que constituam ameaça para a saúde e segurança das populações” começassem ainda em 2017 e fossem até 2019. 


Obras ainda não arrancaram
Apesar do anúncio da recuperação da velha mina do Mondego Sul em Março de 2017, o activista lamenta agora que as obras que prevêem o acondicionamento, estabilização e selagem das escombreiras da antiga exploração e cujo custo ascende a 5,4 milhões de euros não tenham ainda arrancado.Outro dos pontos mais sensíveis era a mina da Quinta do Bispo, já no concelho de Mangualde, distrito de Viseu. 
Nesse caso, o dirigente da AZU faz notar a proximidade a um afluente do rio Mondego, bem como a populações e a zonas agrícolas. “O impacto negativo deixado pela exploração” permanece à vista, afirma. Sobre esta situação diz que há um impasse, uma vez que não se conhece o calendário. Mas há minas que já sofreram intervenções significativas. Entre trabalhos de maior dimensão estão os da Urgeiriça, em Canas de Senhorim, e da Cunha-Baixa, em Mangualde. Só a reabilitação ambiental das antigas minas da Urgeiriça, que estão encerradas desde 1999, custou 33 milhões de euros.
Mineiro entre 1976 e 1989, António Minhoto luta agora pela recuperação ambiental das minas de urânio e pelos direitos dos seus antigos trabalhadores. “Está mais que evidente que a exploração de urânio é negativa”, resume.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

SISMO DE 15 DE JANEIRO DE 2018 A NORDESTE DE ARRAIOLOS



O sismo que ocorreu às 11:51 (UTC), com uma magnitude ML=4.9, localizou-se na região NE de Arraiolos, perto de Aldeia da Serra. O hipocentro (preliminar) tem as coordenadas 38.779 N, 7.960 W e a profundidade de 11.8 km.
Indicando um mecanismo focal em desligamento direito, compatível com as determinações realizadas para sismos que ocorreram anteriormente na mesma região, de que é exemplo o sismo ocorrido em 31 de julho de 1998 com magnitude 4.
Este sismo ocorre numa conhecida área de sismicidade, designada habitualmente por “cluster sí¬smico” de Arraiolos, onde os acidentes morfológicos e os estudos geológicos apontam para uma orientação dominante WNW-ESE. A origem destes sismos está associada a uma zona de transição entre uma área relativamente calma sismicamente a norte, e uma área mais ativa sismicamente a Sul, dentro de uma zona denominada “Zona de Ossa-Morena”, caracterizada por soco Paleozóico da Península Ibérica que no Alentejo apresenta falhas orogénicas WNW-ESE e falhas frágeis tardi-variscas (pós-orogénicas) com a mesma orientação. A morfologia e em particular a rede drenagem tem a mesma orientação desta fracturação.
O IPMA enviou já uma equipa de sismologistas para realizar o inquérito macrossísmico na região. Este inquérito é importante para a caracterização do risco sísmico na região.


pics from the office: Backlit Virga


terça-feira, 9 de janeiro de 2018

2017: UM ANO EXTREMAMENTE QUENTE E EXTREMAMENTE SECO EM PORTUGAL CONTINENTAL








O ano de 2017 classifica-se como extremamente quente, sendo o valor de temperatura média do ar cerca de +1.1 °C superior ao valor normal correspondendo ao 2º ano mais quente desde 1931 (o mais quente foi 1997). De referir que os 5 anos mais quentes ocorreram nos últimos 30 anos. A temperatura máxima em 2017, cerca de +2.4°C superior ao valor normal, será o valor mais alto desde 1931, ultrapassando em cerca de 1°C o anterior maior valor (1997, anomalia de +1.38 °C). O valor médio anual de temperatura mínima estará próximo do normal 1971-2000.
O ano de 2017 foi extremamente seco e estará entre os 4 mais secos desde 1931 (todos ocorreram depois de 2000). O valor médio de precipitação total anual será cerca de 60 % do normal. O período de abril a dezembro, com anomalias mensais de precipitação persistentemente negativas, será o mais seco dos últimos 87 anos.
Ao longo deste ano a conjugação da persistência de valores de precipitação muito inferiores ao normal e de valores de temperatura muito acima do normal, em particular da temperatura máxima, teve como consequência a ocorrência de valores altos de evapotranspiração e valores significativos de défice de humidade do solo. A 27 de dezembro, apesar dos valores de água no solo terem aumentado em relação ao final de novembro, são ainda inferiores a 40 % nas regiões do interior centro e do sul do país.
No final de dezembro mantém-se a situação de seca meteorológica ainda que, em relação à situação a 30 de novembro, se tenha verificado uma diminuição da intensidade nas regiões do norte e centro. Nas regiões do interior centro e do sul os valores de precipitação foram muito inferiores ao normal e insuficientes para se verificar um efetivo desagravamento da intensidade da seca.
De acordo com o índice meteorológico de seca – PDSI, em dezembro verificou-se, relativamente a 30 de novembro, um desagravamento da intensidade da seca meteorológica, com cerca de 60 % do território (regiões a Sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela) nas classes de seca severa e extrema.
in IPMA

domingo, 23 de abril de 2017

Porque esteve o leite sujeito a quotas de produção na União Europeia?



Isabel Aveiro ia@negocios.pt

08 de Setembro de 2015 às 13:41


Porque esteve o leite sujeito a quotas de produção na União Europeia?

As quotas de leite na Europa acabaram a 1 de Abril deste ano. O preço médio do leite pago ao produtor caiu para um valor que os agricultores dizem ser abaixo do custo de produção. Os protestos em Bruxelas resultaram já no anúncio pela Comissão Europeia de um apoio de 500 milhões de euros, que o sector diz ser insuficiente. Um guia para perceber o que está a acontecer.

A Política Agrícola Comum (PAC), matéria que continua no centro da União Europeia e que mantém orçamento autónomo das restantes matérias comuns, tem vindo contudo a ser reformada no sentido de uma maior orientação de mercado. Na última reforma da PAC, em 2003, Bruxelas determinou o fim das quotas à produção de leite na União Europeia. O sector vale 55 mil milhões de euros na Europa a 28 Estados-membros.

Porque surgiram os recentes protestos dos agricultores?
O fim das quotas leiteiras, determinado pela reforma da Política Agrícola Comum (PAC) de 2003, junta-se à pressão sobre outras matérias-primas agrícolas que os produtores da União Europeia foram submetidos desde que a Rússia decidiu no Verão de 2014, em retaliação ao conflito na Ucrânia e a sanções da UE, impor um embargo ao agro-alimentar comunitário. Cenário, aliás, que o próprio sector já tinha antecipado. Da China, onde os agricultores e produtores agro-pecuários europeus viam a esperança de escoar os seus produtos, as notícias recentes de abrandamento do consumo ajudaram a um excesso de oferta na Europa. Os preços do leite europeu caíram 20% nos últimos 12 meses, enquanto os valores pagos pela carne de porco – que têm feito manchete em França e Espanha – estão 16% mais baixos do que em Setembro de 2014, escreve a Bloomberg, citando dados da indústria na EU. Em França, os agricultores obtiveram já, no início deste mês, uma ajuda de mil milhões de euros de François Hollande – entre financiamento, subvenções e ajudas fiscais directas e indirectas – com o presidente da República francês a apelar ao sector da distribuição do país para privilegiar a produção nacional. Bruxelas, no dia em que a cidade foi invadida por 6.000 agricultores e 2.000 tractores, a Comissão anunciou uma ajuda suplementar de 500 milhões. Só que não disse quem irá beneficiar dos novos apoios e como serão eles cedidos e financiados.

Em Portugal, os protestos organizados dos empresários do sector têm-se focado sobretudo sobre as quotas leiteiras – muito à conta da produção no mercado estar muito concentrado, no continente, num número relativamente pequeno de grandes cooperativas, apesar da recente entrada da distribuição, e nos Açores, ser parte fundamental da economia da região autónoma. Recorde-se que a liberalização aérea ocorrida nos últimos meses tem uma relação directa com os receios de perda de competitividade do sector à escala europeia, num contexto de fim de quotas para os Estados-membros da União. Assunção Cristas, ministra da tutela, que acompanhou o processo de extinção das quotas em Abril, já manifestou preocupação pelas consequências da medida, sublinhando a recente reacção de Bruxelas.

Quando e porque foram criadas as quotas?
Por decisão tomada em Março de 1984 (dois anos antes de Portugal aderir à Comunidade) foi decretada a introdução que quotas de produção de leite (somente de vaca) no espaço comum europeu. Bruxelas justificou a medida pelo excesso de produção registada na década de 70 e inícios de 80, que levaram aos mediatizados derramamentos de leite em praça pública e à designada "montanha de manteiga" da Europa. O preço estava garantido independentemente da real procura no mercado e não havia limite de produção.

Como funcionou o sistema de quotas?
O sistema introduziu inicialmente uma quota para cada produtor ou comprador no arranque de cada campanha. Se a ultrapassasse, teria de pagar uma multa. Posteriormente, recorda a Comissão Europeia, a quota individual foi associada à quota nacional: só era paga pelo produtor caso o Estado-membro também excedesse o limite imposto por Bruxelas. No caso de Portugal, a avaliação de Bruxelas era feita globalmente – somando Portugal Continental e Açores. Portugal chegou mesmo a pagar multas por excesso de produção, durante a década de 2000. Recentemente, Bruxelas decidiu dar três anos adicionais aos Estados-membros que tenham ainda multas por pagar.

O sistema foi bem sucedido?
Para Bruxelas, sim. "O sistema de quotas – e a ameaça de multas – ajudou a suster a expansão da produção da UE" e reduziu os excedentes existentes, que chegaram a um milhão de toneladas de leite em pó, garantiu a Comissão Europeia em comunicado divulgado na passada semana. Para a Fenalac, a aplicação do sistema de quotas leiteiras "contribuiu decisivamente para a estabilidade de preços e de rendimentos dos produtores" e para a "modernização, reestruturação e desenvolvimento das respectivas estruturas de produção", em específico de Estados-membros cujo "patamar de organização e robustez apresentavam défices consideráveis aquando da adesão comunitária".

Quando e porquê foi decidida a sua abolição?
A reforma da PAC de 2003 decidiu a abolição das quotas leiteiras na UE, reafirmada na avaliação intercalar de 2008, "com passos concretos para permitir uma ‘aterragem suave’ até ao final de Março de 2015". Nos últimos 30 anos muita coisa mudou: a Comissão foi diminuindo as garantias aos preços e reduzindo a intervenção, em alguns casos, a situações extraordinárias (como a do embargo russo). Bruxelas vê agora as quotas como um "impedimento" à resposta dos agricultores comunitários à "procura mundial crescente" de lacticínios. Para isso, quis que vigorasse a lei do mercado, embora mantenha uma "rede de segurança" para limitar qualquer "volatilidade extrema dos preços" que ocorra no futuro, através, por exemplo, da compra, pelo sector público, de manteiga e leite em pó desnatado ou de ajudas ao armazenamento privado.

Há período de transição?
Não. A partir de 1 de Abril é um novo sistema que entrou em vigor na UE a 28 – "o leite é produzido em todos os Estados-membros, sem excepção, em cerca de 650.000 explorações agrícolas", recorda a Comissão. "Com [um valor] de 55 mil milhões de euros, o sector dos lacticínios representa 15% do total da produção agrícola da UE". O tempo da "aterragem suave", contudo começou em 2008/2009, recorda a Aprolep, com o "aumento gradual da quota leiteira em todos os países da UE, de modo a dar gradualmente a liberdade de produzir".