terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

A exploração de urânio “foi um erro em Portugal e será um erro em Espanha”












Em Portugal, o tratamento dos terrenos que serviram para explorar urânio a céu aberto tem-se arrastado. Este é apenas um dos argumentos que António Minhoto, antigo mineiro e dirigente da Associação de Zonas Uraníferas (AZU), utiliza para contestar a exploração mineira do outro lado da fronteira.Mas há mais: a viabilidade económica dissipa-se quando se tem em conta o custo de intervenção nos terrenos depois de encerrada a mina, defende. “Depois fica uma situação por resolver em termos ambientais”, com “impacto nos recursos naturais e nas pessoas”, explica ao PÚBLICO. 
Por isso foi a Retortillo, para dizer que a exploração de urânio “foi um erro em Portugal e será um erro em Espanha”. Desde 2001 que a Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM) ficou com a tarefa de realizar a intervenção ambiental nas antigas explorações mineiras portuguesas. 
Até 2017 tinham sido tratadas 56% das minas e gastos 49 milhões de euros nesse processo. Faltavam ainda 20 das 61 minas que representam risco ambiental, num calendário que prevê trabalhos até 2022, referia a EDM ao PÚBLICO em Fevereiro do ano passado.Já depois disso, a empresa estatal apresentou o projecto de recuperação das minas do Mondego Sul, no concelho de Tábua (Coimbra). 
Os terrenos de onde se extraiu urânio entre 1987 e 1991 ficam perto da aldeia de Ázere, em plena faixa de protecção da barragem da Aguieira, e eram apontados por António Minhoto como uma das zonas críticas. A EDM previa que os trabalhos que envolviam a eliminação dos “factores de risco que constituam ameaça para a saúde e segurança das populações” começassem ainda em 2017 e fossem até 2019. 


Obras ainda não arrancaram
Apesar do anúncio da recuperação da velha mina do Mondego Sul em Março de 2017, o activista lamenta agora que as obras que prevêem o acondicionamento, estabilização e selagem das escombreiras da antiga exploração e cujo custo ascende a 5,4 milhões de euros não tenham ainda arrancado.Outro dos pontos mais sensíveis era a mina da Quinta do Bispo, já no concelho de Mangualde, distrito de Viseu. 
Nesse caso, o dirigente da AZU faz notar a proximidade a um afluente do rio Mondego, bem como a populações e a zonas agrícolas. “O impacto negativo deixado pela exploração” permanece à vista, afirma. Sobre esta situação diz que há um impasse, uma vez que não se conhece o calendário. Mas há minas que já sofreram intervenções significativas. Entre trabalhos de maior dimensão estão os da Urgeiriça, em Canas de Senhorim, e da Cunha-Baixa, em Mangualde. Só a reabilitação ambiental das antigas minas da Urgeiriça, que estão encerradas desde 1999, custou 33 milhões de euros.
Mineiro entre 1976 e 1989, António Minhoto luta agora pela recuperação ambiental das minas de urânio e pelos direitos dos seus antigos trabalhadores. “Está mais que evidente que a exploração de urânio é negativa”, resume.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

SISMO DE 15 DE JANEIRO DE 2018 A NORDESTE DE ARRAIOLOS



O sismo que ocorreu às 11:51 (UTC), com uma magnitude ML=4.9, localizou-se na região NE de Arraiolos, perto de Aldeia da Serra. O hipocentro (preliminar) tem as coordenadas 38.779 N, 7.960 W e a profundidade de 11.8 km.
Indicando um mecanismo focal em desligamento direito, compatível com as determinações realizadas para sismos que ocorreram anteriormente na mesma região, de que é exemplo o sismo ocorrido em 31 de julho de 1998 com magnitude 4.
Este sismo ocorre numa conhecida área de sismicidade, designada habitualmente por “cluster sí¬smico” de Arraiolos, onde os acidentes morfológicos e os estudos geológicos apontam para uma orientação dominante WNW-ESE. A origem destes sismos está associada a uma zona de transição entre uma área relativamente calma sismicamente a norte, e uma área mais ativa sismicamente a Sul, dentro de uma zona denominada “Zona de Ossa-Morena”, caracterizada por soco Paleozóico da Península Ibérica que no Alentejo apresenta falhas orogénicas WNW-ESE e falhas frágeis tardi-variscas (pós-orogénicas) com a mesma orientação. A morfologia e em particular a rede drenagem tem a mesma orientação desta fracturação.
O IPMA enviou já uma equipa de sismologistas para realizar o inquérito macrossísmico na região. Este inquérito é importante para a caracterização do risco sísmico na região.


pics from the office: Backlit Virga


terça-feira, 9 de janeiro de 2018

2017: UM ANO EXTREMAMENTE QUENTE E EXTREMAMENTE SECO EM PORTUGAL CONTINENTAL








O ano de 2017 classifica-se como extremamente quente, sendo o valor de temperatura média do ar cerca de +1.1 °C superior ao valor normal correspondendo ao 2º ano mais quente desde 1931 (o mais quente foi 1997). De referir que os 5 anos mais quentes ocorreram nos últimos 30 anos. A temperatura máxima em 2017, cerca de +2.4°C superior ao valor normal, será o valor mais alto desde 1931, ultrapassando em cerca de 1°C o anterior maior valor (1997, anomalia de +1.38 °C). O valor médio anual de temperatura mínima estará próximo do normal 1971-2000.
O ano de 2017 foi extremamente seco e estará entre os 4 mais secos desde 1931 (todos ocorreram depois de 2000). O valor médio de precipitação total anual será cerca de 60 % do normal. O período de abril a dezembro, com anomalias mensais de precipitação persistentemente negativas, será o mais seco dos últimos 87 anos.
Ao longo deste ano a conjugação da persistência de valores de precipitação muito inferiores ao normal e de valores de temperatura muito acima do normal, em particular da temperatura máxima, teve como consequência a ocorrência de valores altos de evapotranspiração e valores significativos de défice de humidade do solo. A 27 de dezembro, apesar dos valores de água no solo terem aumentado em relação ao final de novembro, são ainda inferiores a 40 % nas regiões do interior centro e do sul do país.
No final de dezembro mantém-se a situação de seca meteorológica ainda que, em relação à situação a 30 de novembro, se tenha verificado uma diminuição da intensidade nas regiões do norte e centro. Nas regiões do interior centro e do sul os valores de precipitação foram muito inferiores ao normal e insuficientes para se verificar um efetivo desagravamento da intensidade da seca.
De acordo com o índice meteorológico de seca – PDSI, em dezembro verificou-se, relativamente a 30 de novembro, um desagravamento da intensidade da seca meteorológica, com cerca de 60 % do território (regiões a Sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela) nas classes de seca severa e extrema.
in IPMA