segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Deficit da balança alimentar



Portugal vai ter de pagar mais para garantir a alimentação
Por Ana Rita Faria

Na última década, défice da balança alimentar cresceu 23,7 por cento. Só em Outubro, gastos com importações de cereais quase duplicaram

Temos de importar mais de 60 por cento da carne que consumimos, deixámos de ter produção de açúcar e só há pouco tempo começámos a plantar olival. E temos de importar praticamente tudo o que consumimos em matéria de cereais, até mesmo para alimentar o gado nacional. Nos últimos dez anos, o défice da nossa balança comercial alimentar disparou 23,7 por cento. Os portugueses estão cada vez mais dependentes do estrangeiro para comer e, por isso, cada vez mais vulneráveis a uma escalada dos preços das matérias-primas alimentares como a que está a acontecer agora.
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"Todos os factores de produção aumentaram de forma brutal, criando uma situação insustentável para muitas empresas da fileira agro-alimentar", revela Pedro Queiroz, director-geral da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA).

Problemas climatéricos que afectaram as colheitas ou as produções na Rússia, na Argentina e na Austrália, aliados a um aumento da procura por parte de países como a China e a Índia, ajudam a explicar a subida dos preços das matérias-primas. Aos custos elevados, junta-se, em Portugal, um "problema de soberania alimentar", decorrente "de anos e anos de uma política agrícola comum que nos fez desinvestir na produção", considera o director da FIPA.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o nosso défice comercial (saldo entre as exportações e as importações de alimentos) aumentou 23,7 por cento entre 1999 e 2009, totalizando 3,3 mil milhões de euros (ver infografia). Apesar de as exportações terem crescido mais de 100 por cento nesse período, as importações também subiram mais de 50 por cento e continuam a representar quase o dobro dos produtos que exportamos. Ainda assim, o valor do défice face ao produto interno bruto diminuiu, embora não tanto quanto seria de esperar, passando de 2,3 por cento em 1999 para dois por cento em 2009.
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In Público (10 de Janeiro de 2010)

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